terça-feira, 5 de julho de 2011

Qualificação Profissional para desenvolver o país com independência

A liberação de contratação de profissionais do estrangeiro é uma medida que vem comprometendo os interesses estratégicos do país. Ao invés de enfrentar o problema em sua raiz, a opção dos governos têm sido aprofundar ainda mais um erro de origem. É a pior das heranças neoliberais que agora ressurge no Rio Grande do Sul em sua forma mais perversa, com a proposta de contratação de funcionários públicos (os CCs). É o próprio Estado que se vê refém dos males que causou ao longo das últimas décadas ao povo brasileiro.

Somente como exemplo desta situação que atinge o país, nos três primeiros meses deste ano, já foram concedidas 13.034 autorizações de vistos de trabalho, 10% a mais do que o mesmo período de 2010, ano que superou em mais de 30% o total de 2009. São profissionais de países como Estados Unidos, Filipinas, Reino Unido e Alemanha, especialmente, que se transferem para o Brasil, tirando a vaga dos trabalhadores brasileiros. É o resultado da combinação de falta de uma política industrial planejada com o equivalente investimento em qualificação dos respectivos trabalhadores.

É inaceitável que depois de gerar empregos no exterior, por conta de um mercado interno aberto a qualquer produto estrangeiro, agora se proponha entregar os postos de trabalhos dos brasileiros. Se é para importar, então que se importe não apenas o que é contra os nossos interesses, mas outras práticas como os baixos impostos, as taxas de juros reais e compatíveis com a produção e consumo, a proteção aos mercados, produtos e empregos. Mais infeliz do que a histórica submissão nacional aos ditames estrangeiros, é optar por esse caminho mesmo sabendo de suas conseqüências nefastas para o país.

Há um bom tempo, alertamos os governos sobre a necessidade de investir em educação de base, em promoção da ciência e da tecnologia, em qualificação profissional. Neste caso especial, não se trata de protecionismo, nem da ultrapassada “auto-suficiência” gaúcha, mas sim de uma questão estratégica que deve orientar qualquer país. Não é justo que o Brasil construa oportunidades emergenciais com o a Copa do Mundo, ou estratégicas como o Pré-Sal, ou que se constitua como Nação estável e desenvolvida, ao mesmo tempo que afasta seus trabalhadores das principais ocupações, privadas ou de Estado.

Clàudio Janta - presidente da Força Sindical-RS