sexta-feira, 13 de maio de 2011

Lélio Falcão, da Força Sindical-RS, defende o voto distrital na reforma política em debate na ALRS

Evento foi promovido pela ALRS e a Câmara Federal dos Deputados
O presidente da Força Verde, Lélio Falcão, participou do debate sobre reforma político da Assembleia Legislativa do RS (ALRS) dentro do programa Destinos e Ações para o Rio Grande, que contou com a presença do presidente do Legislativo gaúcho, Adão Villaverde, e do presidente da Câmara Federal, Marco Maia, além de outros políticos e lideranças sociais. 

O representante da Força Sindical-RS falou para a plateia no púlpito da ALRS sobre o tema. “A democracia brasileira apresenta grandes avanços, mas existem no momento graves distorções: a representatividade de regiões e estados não reflete a realidade populacional ou econômica, onde a Força Sindical defende o Voto Distrital”, disse Lélio.

Segundo o sindicalista, os partidos políticos não apresentam uma linha política e ideológica clara para o eleitorado, estando fragilizados e fragmentados. “O equilíbrio entre os poderes apresenta distorções. Cumprimentamos a ALRS pelo evento e informamos que oportunamente o Presidente da Força Sindical, Clàudio Janta, enviará um documento com sugestões”, declarou Lélio.

Outra autoridade a debater o assunto foi o deputado estadual Alceu Moreira (PMDB). “Devemos analisar ‘para que’ e ‘para quem’ interessa a Reforma Política, que na verdade é apenas Reforma Eleitoral, pois não mexe na relação entre os poderes nem altera diversas relações entre os entes federados”, destacou. Para Moreira, a proposta é de fazer algumas alterações para melhorar um pouco, evitando as coligações, mas permitindo a constituição de “federações de pequenos partidos”, eliminando as “legendas de aluguel”.

Já o deputado federal Henrique Fontana (PT) enfatizou que deve se atentar para minimizar oposições à reforma. Ele defende dois pontos principais: (i) coibir a influência do poder econômico, com “financiamento público exclusivo”, reduzindo custos das campanhas e buscando transparência; e (ii) votação em lista, com democracia interna nos partidos e proporcional mista.

O deputado federal Almeida Lima (PMDB) teceu vários comentários sobre coligações, suplências, coincidência de eleições, financiamento público, ficha limpa, democracia representativa e direta, fidelidade partidária e defasagem entre avanços de outros segmentos em relação ao político.

Mário de Lima, um dos idealizadores do Força do Pensamento 2, aborda as linhas gerais do Desenvolvimento Regional

Mário aborda o desenvolvimento regional a partir de um enfoque nos Coredes.

A 2ª edição do Ciclo de Debates Força do Pensamento abordou a temática do Desenvolvimento Regional com o intuito de potencializar e discutir o tema com sindicalistas, lideranças políticas e sociais, trabalhadores e público em geral.
A iniciativa da Força Sindical visa capacitar os trabalhadores sobre os grandes temas da atualidade, indo além de um papel de central meramente reivindicatória de melhores salários, mas também como centro de conhecimento e cultura. Esta edição do Força do Força do Pensamento teve como um dos organizadores o assessor econômico da Força Sindical-RS Mário de Lima, que está finalizando sua dissertação de mestrado em Economia, com forte enfoque político, na PUCRS. Nesta entrevista, Mário esclarece as linhas gerais do Desenvolvimento Regional e a importância do evento para os trabalhadores.
Força Sindical - Sobre o que foi sua palestra, enfocando a parte mais teórica do desenvolvimento regional?
Mário de Lima - A palestra hoje tentou demonstrar as condições necessárias para que ocorra uma política de desenvolvimento regional transversal, ou seja, trabalhando com a idéia da institucionalização de regiões, debate que o prof. Pedro Bandeira foi um dos estimuladores e tem uma teoria em relação a isso; governança, que quem fala muito é o Robert Putman e o Peter Evans. Também trabalhei com responsabilização (accountability), que no Brasil quem tratou foi o Bresser Pereira, na reforma do Estado brasileiro. Enfoque ainda a teoria de clareza da restrição orçamentária, que o Musgrave, economista, trata como uma necessidade da sociedade de saber quanto que ela tem para gastar, para poder realizar uma política fiscal, uma sociologia da política fiscal, que faz as projeções dos próximos gastos para o futuro.

FS - A partir desses pontos teóricos, como pensar o desenvolvimento regional já na atualidade? Como as pessoas podem se apropriar desses instrumentos e quais são os caminhos que o Estado oferece para que as pessoas coloquem em prática?
ML - No Rio Grande do Sul podemos verificar esses quatro pilares a partir dos COREDES, que é o instrumento tanto de governança quanto de institucionalização de regiões. Podemos ver em experiências passadas, no orçamento participativo, como experiência de governança, responsabilização e clareza da restrição orçamentária, bem como a consulta popular, que em nível estadual é mais antiga como instrumento de governança. A base de tudo isso, a força, eu diria, são os COREDES. Os COREDES servem como não só um instrumento de planejamento e criação de políticas públicas e desenvolvimento regional, mas também como uma forma de demarcar a territorialidade, de demarcar a região, não apenas como uma questão geográfica de território, mas também com características humanas, econômicas e sociais.
FS - Qual a importância da Força Sindical promover esse debate para os trabalhadores e através dessas iniciativa disponibilizar as informações na internet para a população saber sobre esse assunto?
ML - Na formatação da economia que o Brasil adota, o trabalho é vendido num mercado. Existe uma relação onde o trabalho é um produto e o preço desse produto é o salário. Nesse modelo da economia o trabalhador é um fator de produção que produz um produto chamado trabalho e vende por um preço que se chama salário. Então temos que mudar essa idéia quando se trata de desenvolvimento, porque o trabalhador também tem que ser visto como consumidor, tem que ser visto como um agente, uma vez que essa governança trabalha com a ideia de participação dos atores sociais e o trabalhador é um ator social. Ao promover essa discussão, a Força Sindical surge na vanguarda desse debate preparando o trabalhador aos fóruns de participação e de governança para defender seus interesses e um salário melhor, um poder de compra melhor, uma redução da jornada de trabalho e uma distribuição equitativa da produtividade que a economia pode gerar.

Última palestra do ciclo de debates investiga os desafios para o desenvolvimento regional e a qualificação profissional efetivos

Debates contaram com técnicos do Dieese, IBGE, consultor e representante da Força Sindical

Convidado como palestrante, o técnico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ademir Barbosa Koucher, abordou em sua apresentação a retrospectiva de dados da qualificação nos últimos 10 anos. Os dois pontos principais são a evolução da população em idade ativa ocupada e desocupada no período, por idade e anos de estudo.
Destaca-se que houve um aumento grande da população na faixa de 50 anos e aumento concentrado da população com 11 anos de estudos em Porto Alegre. "Tem um aumento maior de demanda por mão de obra no grupo etário de 50 anos", afirmou Koucher. Na taxa de desocupação na Região Metropolitana, em 2010, houve a menor taxa do Brasil, que foi de 3%, enquanto a taxa nacional é de 4,5%.
"O objetivo é mostrar como evolui a população em relação à demanda de mão de obra e em comparação à oferta. Há um aumento grande na demanda de mão de obra por pessoas com mais de 50 anos e muito mais ainda pela população com nível de instrução mais alto, principalmente quem tem nível superior ou mais de 11 anos de estudo - ensino médio", disse o técnico do IBGE.
Esses dados auxiliam a pensar na qualificação e o que o Estado precisa fazer em termos de políticas públicas para o mercado de trabalho.
"A luta da Força é o caminho certo que temos, os dados demonstram isso", complementou Tiego. O secretário da Força Jovem questiona por que há tantas dificuldades dos jovens entrarem no mercado de trabalho e lança a pergunta à plateia.
O supervisor técnico do Dieese, Ricardo Franzoi, trouxe subsídios para reflexão sobre o futuro em relação à qualificação profissional. Os dados do Dieese apontam que a maioria das pessoas nas regiões metropolitanas do Brasil não participou de nenhum curso de qualificação.
Já em Porto Alegre, a faixa entre 18 e 24 anos é a que está fazendo mais cursos de qualificação. "A juventude que vem aí é mais qualificada do que a que está no mercado de trabalho", afirmou Franzoi. Franzoi afirmou ainda a importância de pensar em qualificação, mas também propor políticas de requalificação de quem está no mercado de trabalho.
A escolaridade é um requerimento maior do que conhecimentos anteriores ou programas de qualificação no segmento dos assalariados. "Parece ser uma contradição, na medida em que se faz uma busca de empregos e a escolaridade aparece mais importante do que ter uma formação, então volta a questão do Ensino Fundamental", explicou Franzoi. O Dieese está investindo também em metodologias de prospecção a fim de evitar frustrações como a importação de mão de obra de outros países e estados. "Precisamos sim de políticas de informações, de diálogos, chamar os empresários, perguntar e explicar sobre os rumos dos empregos. O empresário é que sabe para onde está indo a economia", indicou Franzoi.
O economista e consultor em planejamento Guilherme de Oliveria abordou o tema sob o aspecto "escondido" do desenvolvimento regional e da qualificação e desenvolvimento. Segundo ele, muitas cidades onde ocorre o trabalho não ficam necessariamente com a renda do trabalhador. Além disso, regiões com baixo desenvolvimento contam com cidades polo de desenvolvimento e economia forte. Ele cita cidades como Pelotas, Rio Grande, Uruguaiana e o papel do trabalhador na capacidade de influenciar o crescimento regional.
Ele fez um resgate da economia nos 1970 para entender as pistas do desenvolvimento econômico atual, destacando que o arroz e demais culturas devem se renovar em outras culturas. "Os trabalhadores tem que ter noção das desigualdades econômicas, por que vamos continuar querendo ser o celeiro do país, que foi uma vez e não é mais?", questionou.
O diretor da Força Sindical-RS Luis Carlos Barbosa elogiou o nível técnico dos palestrantes e fechou a sessão dos expositores. Ele afirmou que o ciclo de palestras deixa mais claro os gargalos aos desenvolvimento regional no RS. "Deixamos de empregar mais de 30 mil trabalhadores no RS, porque não tínhamos mão de obra qualificada. Estamos trazendo trabalhadores de outros lugares do país, importando engenheiros. Os trabalhadores que estão empregados são qualificados, mas há mais vagas do que qualificações. Os governos não estão fazendo sua parte, não estamos vendo na realidade cursos que venham ao encontro dos interesses da sociedade e dos trabalhadores", afirmou Barbosa. [
O diretor criticou os cursos do Senac, que são destinados à classe média, o que só melhorou com a intervenção do governo federal. Conforme Barbosa, há prioridade para o ensino formal, enquanto o que falta são escolas técnicas. "Com a perda da capacidade do Estado em manter as escolas técnicas, perdemos experiências. Tivemos audiências públicas na Metade Sul e Fronteira e detectamos que essas regiões são prejudicadas pela distância e as empresas não se instalam lá", afirmou Barbosa.
Citou problemas de mão de obra da Arena do Grêmio, construção do Barra Shopping e do PAC da Copa, explicitando a dimensão do problema da falta de mão de obra qualificada, isso só em Porto Alegre. "Esse debate serve para mostrar as necessidades do setor", frisou Barbosa.
As concentrações das escolas técnicas na Fronteira Oeste também foram citadas: "Estavam priorizando uma cidade como Alegrete e não previam instalação em São Borja", lembrou, quando da polêmica sobre a Escola Técnica Farroupilha em São Borja. Também disse que não adianta instalar escola técnica agropecuária na região da Serra se essa aptidão está na Fronteira.
Barbosa falou ainda do Planseq da Celulose e destacou a necessidade de políticas públicas de estado e não de governo, preparadas conforme as características das regiões. O diretor agradeceu a todos os participantes.

Cláudio Côrrea agradeceu a presença de todos os participantes e disse que foi uma ótima manhã e tarde para expandir conhecimentos. "Através de pessoas especialistas, entendemos um momento diferente e um tema importante, o desenvolvimento regional, que é fundamental para a nossa luta não somente de salários, mas para que tenhamos um dia melhor que o outro", finalizou o diretor da Força Sindical.

Edição do ciclo de debates conta com a presença da deputada Juliana Brizola


A deputada Juliana é voz ativa em nome dos trabalhadores na ALRS.

A deputada estadual Juliana Brizola fez uma visita à central e trouxe sua saudação para o Força do Pensamento. "Nosso partido tem como principal causa o trabalho e o trabalhador e reconhecemos a Força Sindical como de grande importância para o desenvolvimento e a igualdade", disse Juliana. A deputada relembrou o histórico de vida de seu avô Leonel Brizola, que saiu do PTB porque não correspondia mais aos seus ideais e fundou o PDT.
Juliana está preenchendo um vácuo na atual política, com atuação a favor dos trabalhadores e em defesa dos seus direitos. Assim, ela afirmou que não votará a favor das medidas dos governos que oprimem os trabalhadores em referência à Previdência gaúcha. "Quero dar os parabéns à iniciativa da Força Sindical e estou à disposição com o meu mandato que é trabalhista e em favor dos trabalhadores", disse Juliana, sendo muito aplaudida.

Primeira mesa da tarde promove debate sobre instrumentos de participação

Mesa contou com palestra de professor da UFRGS e representante do OP no governo estadual.

Pedro Bandeira abriu os trabalhos da 2ª edição do Força do Pensamento na primeira mesa da tarde sobre Desenvolvimento Regional e Participação. O economista é professor da Faculdade de Economia da UFRGS.
Bandeira explicou porque o desenvolvimento regional é importante para o movimento sindical. O professor da UFRGS apresentou dados preocupantes do Censo 2010 em relação à queda de população gaúcha. "Houve diminuição de mais de 10% da população em 227 cidades gaúchas numa década, atingindo pequenas e cidades de porte médio".
Maior parte da população do oeste diminuiu. Aumento nas regiões da Serra, Vales, Região Metropolitana e partes do Planalto em grande parte por migração de população das outras regiões. Como problemas, aumentam os  congestionamentos, concentração de renda e falta de atendimento a todos.
Entre os motivos, Bandeira destaca que esse é um movimento que ocorre em décadas passadas, mas atualmente a baixa taxa de fecundidade está aliada à perda populacional. "A próxima geração será formada por filhos únicos e olhe lá", afirmou Bandeira.
Dentro de 20 anos, a população gaúcha deve começar a diminuir em números elevados. As migrações indicam que há diferenças de dinamismo econômico no território. "As pessoas emigram em busca de oportunidades de empregos ou melhoras econômicas, são indicadores de desigualdades regionais melhor que a comparação de renda per capita de regiões", aponta o professor da UFRGS.
O Estado apresenta um mapa do desenvolvimento bem marcado: nas regiões próximas à região Metropolitana, Leste e Nordeste o desenvolvimento é maior, no Centro decai e na Fronteira o desenvolvimento é baixo.
Quem recebe os imigrantes também acarreta problemas, porque cria demandas de serviços públicos e serviços e é muito prejudicada pelo crescimento intenso. "A capacidade de investimento do setor público não consegue acompanhar esses movimentos. Há problemas no trânsito, falta de qualidade de vida, prejuízo no acesso das empresas e suas instalações, degradação ambiental, pressão sobre recursos hídricos", explicou Bandeira.
Efeitos negativos e riscos de longa prazo só serão enfrentadas se criar políticas de emprego em regiões deprimidas do interior, incentivar e acompanhar essas políticas, porque demoram para fazer efeitos. "Os cidadãos conscientizados desses temas devem usar as ferramentas de participação para demandar de governos municipais, estaduais e federais, organizar e dinamizar o emprego nas regiões menos desenvolvidas e organizar os grandes centros econômicos", apontou Bandeira.
Como instrumento, sugere que o movimento sindical se aproxime mais dos Coredes e, se possível, lidere esses conselhos para que essas questões se mantenham em debate público.
"Devem demandar políticas estaduais e federais de enfrentamento, não temos uma política integrada, temos instrumentos, mas eles não estão implantados", disse Bandeira, que já participou do Conselho do Fundopem.
Isso interessa diretamente ao movimento sindical porque afeta diretamente o trabalhador. "Quem trabalha na Região Metropolitana de Porto Alegre  não tem mais tempo de ficar com os filhos, fica a maior parte do tempo trabalhando e dentro de ônibus, o que afeta em cheio a qualidade de vida da pessoa", finalizou o professor Pedro Bandeira.
O representante do Orçamento Participativo do Governo do RS David Schmitt, que trabalha na Secretaria de Planejamento, Gestão e Participação Cidadã, disse que há instrumentos que destacaram Porto Alegre como modelo de democracia. "Nesses quatro anos de governo temos a intenção de criar um sistema de participação", disse Schmitt. A intenção é integrar redes estaduais. O representante do OP afirma que haverá quatro conferências que tratarão de temas variados que serão integradas. "Estamos também criando uma relação de divisão institucional para acompanhar conselhos e conferências. Além de um número crescente de ouvidorias", disse Schmitt.
O alinhamento com o governo federal foi destacado como um instrumento favorável ao desenvolvimento regional por Schmitt. Ele disse que a implantação de escolas técnicas vem sendo um caso de trabalho. Admite que há melhoramentos a serem feitos na comunicação entre o governo estadual e federal para que os cursos que sejam  implantados nas regiões sejam enfocados nas necessidades da população.
A mediação do debate foi do presidente da Força verde, Lélio Falcão. O diretor da Força Sindical-RS marcelo Furtado entregou certificado a David Schmitt e o secretário da Força Jovem, Jeferson Tiego, ao professor Pedro Bandeira.

Palestrantes enfocam ações atuais de desenvolvimento regional no RS

A 2ª mesa da manhã, sob coordenação do assessor econômico da Força Sindical-RS, Mário Lima, enfocou o Desenvolvimento Regional no Rio Grande do Sul.

Marcelo Danéris, secretário do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), fez sua fala na direção de abordar o desenvolvimento regional de como foi pensado a nível de planejamento e agora de ação após a eleição do governador Tarso Genro. Relembrou as caravanas de campanha do então candidato. Foram três meses de viagens ao interior do RS e discussões diretas com as comunidades.
"Havia um acúmulo de debates na região que não estava sendo aproveitado foi o que detectamos primeiro, sem ligação com o governo do Estado. A proposta foi integrar essas questões e fazer uma consertação", disse Danéris, utilizando um termo comum do governador Tarso Genro. Outro ponto destacado foi uma certa desagregação entre Estado e Coredes. O vice-governador, Beto Grill, é o responsável dentro do governo pelo desenvolvimento regional. Outro ponto das viagens era que existiam problemas comuns entre as regiões, como a infraestrutura e educação.
Danéris explica que o RS tem aptidões diferentes, por isso há um movimento do governo a fim de agregar as universidades das regiões com pesquisa para, por exemplo, extraior recursos naturais a partir de técnicas sustentáveis. Caso da extração do carvão na região sul do Estado, uma das com maior dificuldade de desenvolvimento. "Como se fazer isso? Toda a região tende a ganhar. Todos esses diagnósticos foram feitos durante as caravanas", contou Danéris.
Em termos de ação, após o governo eleito, há atividades articuladas na Secretaria de Planejamento com a realização de reuniões com os Coredes e demandas das caravanas para montar o Plano Plurianual do Estado (PPA) na iniciativa "Caravanas CDES", com metas de investimentos e aportes do governo para os próximos quatro anos. Além disso, haverá relatório para ação direta a partir da visita às regiões, com articulação entre gabinete do vice-governador e Conselhão. Há perspectiva de reunir diversas secretarias na movimentação do desenvolvimento regional, em sintonia com Uergs, Sistema S e demais entidades colaboradoras.
Lélio pediu ao secretário do CDES mais atenção à extração de carvão e o desenvolvimento da região Sul, considerando ainda que a presidente Dilma Rousseff conhece profundamente a questão, uma vez que foi ministra de Minas e Energia no início do governo Lula. Outro diretor a questionar Marcelo Danéris foi Cláudio Côrrea, que perguntou sobre os incentivos fiscais e o fechamento da Azaleia em Parobé após o apoio do governo gaúcho à empresa e o uso de mão de obra de outros Estados no polo naval. Ele questiona o que o governo pretende fazer para mudar essa realidade.
O secretário CDES afirmou que o governo trabalha para colocar uma rede gaúcha a serviço das riquezas locais. "Temos nossas universidades e temos que passar para a segunda fase de nossos arranjos produtivos, um exemplo que temos é do setor da viticultura", citou Danéris.
A Secretaria Estadual da Ciência e Tecnologia está inserida em convênios para colocar as cadeias para funcionar, exemplificou como ação o secretário. Investimentos do Badesul também foram citados. Sobre o setor coureiro calçadista, Danéris disse que em reunião esta semana nem os líderes do setor sabiam da ação da Azaleia. Ele repetiu a crítica do governo à postura da Azaleia. "É o caso do capitalismo parasitário, desrespeito aos trabalhadores, à prefeitura, ao governo do Estado", disse Danéris.
O governo está procurando, junto ao Ministério Público, uma maneira de acionar a empresa e vai alterar as regras dos incentivos fiscais para garantir que as empresas se comprometam ao desenvolvimento com período garantido, sem colocar de uma hora para a outra 800 funcionários em situação de desemprego. "Foi um absurdo", disse Danéris.
Três eixos do governo, incluindo câmara temática do CDES, trabalharão sobre a questão calçadista articuladas no governo do Estado.
A agricultura familiar também tem atenção especial do governo, com o compromisso de assentar mil famílias. No cooperativismo, o governo vai lançar, através do Badesul e BRDE, linhas de incentivo para os pequenos produtores. Ele também sugeriu o pedido de audiência com o secretário da Agricultura, Ivar Pavan, para apresentação de demandas. O diretor da Força Verde, Lélio Falcão, entregou o certificado de participação ao secretário do CDES, Marcelo Danéris.
Na mesa sobre as ações concretas de desenvolvimento regional no RS, seguiu com a palavra o economista Adalmir Marquetti, presidente da Fundação de Economia e Estatística (FEE), que enfocou os aspectos das disparidades econômicas no Estado e o desenvolvimento desigual. Ele propõe que se pense o desenvolvimento regional de maneira geral. "Se o Brasil não crescer, não vamos resolver nossos problemas. Esse é um ponto fundamental", destacou Marquetti.
Dentre os fatores que afetam o desenvolvimento regional, estão o crescimento populacional nas regiões, a especialização industrial, que causa mais desenvolvimento para determinada região em detrimento de outra. De modo negativo, a concentração de propriedade rural e de renda causam menor crescimento econômico.
No RS, a concentração populacional traz como efeitos que se ressaltam a concentração econômica e o freamento da expansão etária, com redução de população jovem. "O governo parece que vai enfrentar essas questões das diferenças regionais, que não são fáceis e devem ser resolvidas, sob a pena da população do Estado se reduzir", opinou o economista da FEE.
Manoela Lopes, economista Coordenadora dos Fóruns Temáticos de Infraestrutura e Inovação e Tecnologia da Agenda 2020, falou sobre os propósitos da Agenda 2020. Segundo ela, é um movimento da sociedade com visão de longo prazo e o propósito, iniciado em 2006, é tornar o RS um Estado com melhores condições para se viver e trabalhar até 2020.
A entidade trabalha com fóruns temáticos, sendo o de desenvolvimento regional, um deles. Dentre os pontos positivos do Estado, está como um dos melhores locais para negócios e conta com mão de obra qualificada. "Necessidade de política de Estado e não de governo é um desafio no Rio Grande do Sul e também do Brasil", disse Manoela.
Regiões não estruturadas não trabalham de forma articulada e dificultam obtenção de resultados. "Isso a gente vê na educação profissional, com atores não dialogando, colocando cursos não específicos e de acordo com a aptidão da região", explicou Manoela.
A Agenda 2020 propõpe o estabelecimento de pauta mínima, articulação nas regiões funcionais de planejamento. Outro assunto destacado na Agenda 2020 são os parques tecnológicos, através do desenvolvimento de políticas públicas, aproveitando as instituições de ensino do Estado. "A ideia é interiorizar esse conhecimento tecnológico, criando ambientes de desenvolvimento no interior do Estado com o trio setor público, cadeis produtivas e universidades", frisou Manoela.
O mote do projeto apresentado por Manoela demonstra forte teor na inovação tecnológica e articulação de conhecimentos. Ela lança como questão o que falta no RS para que as ações se concretizem e promovam o desenvolvimento com melhores condições de vida e emprego até 2020.
A colaboradora Jaqueline Sanchotene entregou certificado para o economista Adalmir Marquetti e Manoela Lopes.

Transversalidade, diálogo e indicações para o desenvolvimento regional são destaque na abertura do Força do Pensamento 2

O secretário municipal de Governança, Cezar Busatto, e o presidente da ALRS, Adão Villaverde, abordaram a Transversalidade e as experiências nos governos

A abertura da segunda edição do Força do Pensamento ocorreu na manhã desta quinta-feira e foi liderada pelo diretor da Força Sindical-RS Cláudio Côrrea, em nome do presidente Clàudio Janta, que se recupera de um problema de saúde. A mediação ficou a cargo do vice-presidente da Fetracos, Dionísio Mazui.
Côrrea explicou o mote do evento: "Muitas vezes os trabalhadores não fazem parte do debate e temos dificuldade, por exemplo, na discussão do piso regional. Então a participação dos trabalhadores no dia a dia do seu país é fundamental, principalmente tendo propostas para enaminhamentos. Agradecemos a presença de todos. Quero citar a presença do secretário municipal de Governança, Cezar Busato, nome que tem sido parceiro dos trabalhadores. Tenho certeza que teremos momentos importantes nesta edição do Força do Pensamento, porque os palestrantes são de destaque em nome dos trabalhadores. Que todos façam uma grande participação e que amanhã Janta já esteja aqui conosco, mas o importante é que vamos fazer a parte dele juntos", afirmou Côrrea.

O secretário Buzatto cumprimentou à Força Sindical-RS pela iniciativa e desejou pronta recuperação ao presidente Clàudio Janta. Ele fez uma reflexão sobre os conceitos de desenvolvimento e sustentabilidade do ponto de vista da cidade, sobretudo desde 2005, quando o atual governo iniciou a construção desse novo conceito de gestão pública na Prefeitura de Porto Alegre. Hoje cerca de 85% da população vive em cidades, então a questão urbana é também a questão central da humanidade neste século XXI.
"Acredito que nesta etapa do desenvolvimento não temos futuro se não enfretarmos a questão da qualidade de vida na cidade, porque aqui moramos, convivemos, trabalhamos. Portanto, resolver a questão da vida e do relacionamento entre os cidadãos no espaço público é o que nos faz viver em melhores condições", disse Buzatto.

Territorializar a região
Segundo o secretário, a territorialização tem como fundamento a compreensão do que é no território, na nossa rua, no nosso bairro, na nossa cidade, onde realmente realizamos a experiência de vida. Nesse sentido, gera o conceito de governança solidária local que vem sendo lançado mão pelo Município. "Assim geramos a gestão pública, como todo o governo trabalhando por programas, com visão transversal. Ajustamos 12 programas com objetivo de atingir resultados para a sociedade, com secretarias trabalhando em comitês de gerenciamento", explicou Buzatto.
"É olhar o território com diferentes olhares sistêmicos", esclareceu, abordando a transversalidade de diferentes dimensões.
A visão sistêmica na Prefeitura de Porto Alegre está assentada sob dois pontos de vista: área de governança (relação governo e sociedade/comunidade) e gerenciamento interno da adminstração através de comitês em três eixos: ambiental, social e econômico.
Buzatto apresentou as cinco dimensões da Governança Solidária Local. "Governança Solidária traduz para o espaço da cidade da visão de um governo de sustentabilidade, porque envolve todos os segmentos de forma solidária e participativa", afirmou o secretário Municipal de Coordenação Política e Governança Local  - SMGL
A democracia participativa como controle social está baseada na união das pessoas em seus bairros para opinar, escolher e estarem próximas das instâncias de poder para influenciar governos. Em Porto Alegre, há 17 regiões administrativas e 10 microrregiões de Conselho Tutelar com 50 conselheiros, além de fóruns de planejamento eleitos pela comunidade (comunidade participativa, em tese, com área técnica e setor empresarial unidos pelos rumos da cidade).
"Este é um panorama do que é a democracia participativa, aliando desenvolvimento e democracia. Se não houver democracia, não é desenvolvimento, é crescimento", diferenciou Buzatto.

Desenvolvimento local
No conceito de democracia colaborativa, explicou que o governo sozinho não melhora as condições da sociedade. "Colaboração entre comunidade, governos, setor privado deve dar a tônica", enumerou o secretário. A rede de colaboração para funcionar deve ser articulada de maneira mais sistêmica. Nessa direção, o secretário citou iniciativas de colaboração na administração municipal.
Quando abordou o V Congresso da Cidade disse que a cidade está sendo discutida em especial, no atual período, direcionada para os eventos que acolherá: "Temos índices de desemprego altos e um evento da Copa do Mundo, temos que criar maneiras de desenvolver nossa cidade".
Sobre o projeto Bússola do Desenvolvimento, apresentou uma aferição das orientações de desenvolvimento, com a participação de universidades gaúchas. Busatto trouxe ainda o caso da Plataforma Colaborativa que cuida da cidade, numa parceria da Prefeitura com a Unisinos, numa iniciativa inédita em que qualquer pessoa posta sua causa em página na internet e vai encontrar pessoas com causas comuns no que ficou conhecido como Porto Alegre CC. "O projeto se transformou numa grande rede de colaboração virtual, é um facebook da cidade, que estimula as pessoas a se conhecerem, a se unirem em demandas comuns na cidade", contou com grande entusiasmo César Buzatto.
Adão Villaverde, o presidente da Assembleia Legislativa do RS, falou sobre a representação política e a atividade do legislador, partindo de um paradigma de crise da representatividade política.  "Temos pouco espaço para o legislativo e há no RS um contencioso político", afirmou. Disse que a ALRS está estimulando o debate e a defesa de convicções. "Pode-se chegar e defender posições díspares, mas os acordos nunca são fechados completamente conforme determinada opinião", disse. O presidente está abordando o conceito de Transversalidade para explicar como a ALRS pretende recuperar-se como espaço público de grandes questões do Estado. Villaverde destacou o programa Grandes Debates na Assembleia 2011-2014 chamado "Destinos e Ações para o Rio Grande", uma parceria entre a ALRS e a Câmara Federal de Deputados como iniciativa inovadora.
Villaverde frisou a importância do programa, que aproxima os deputados gaúchos, para Porto Alegre, por exemplo, na coesão para a construção do metrô em Porto Alegre. Citou ainda grandes debates de interesse para o RS como o Código Florestal, envolvendo a questão de alimentos.
O presidente da ALRS demonstrou um intuito da ALRS na busca de discussão dos grandes temas do RS e também a procura de um consenso mínimo entre a população. O trabalho transversal se dá nas grandes discussões, notando-se também na presença de pensadores na instituição gaúcha, como ocorreu semana passada com a visita do pensador português Boaventura de Souza, que falou para grande plateia na ALRS. Na próxima semana, haverá um debate sobre Educação e Inclusão Digital.
"A ALRS tem esse propósito de ajudar a construir um bom ambiente em que possamos fazer com que o RS, numa grande parceria com todos os setores, sobretudo o setor privado, recupere o que vem perdendo, não as instituições ou a política, mas é o Estado e o nosso povo que está em desvantagem. Reside aí que façamos esforços e unificações sem renunciar a debates e convicções. Temos a ideia de firmar posição, mas trabalhar de forma articulada também", finalizou Villaverde.
Mazui destacou que o debate desta manhã aproxima os poderes com os segmentos dos trabalhadores. "Queremos que essa força exposta aqui nas falas dos membros da mesa se multiplique e se torne cada vez mais comum", afirmou, Mazui.
Lélio Falcão, diretor da Força Verde, falou da necessidade de aumentar o debate sobre o Bioma Pampa e a perda de empresas por causa da legislação envolvida na discussão do Código Florestal. A questão das restrições na Faixa de Fronteira também é outro problema no Estado. Lélio solicitou ao presidente da ALRS que esses temas sejam melhor desenvolvidos na Casa do Povo. "Temos que fazer pressão mesmo e podem contar conosco", respondeu Villaverde à questão do Lélio.
O diretor Cláudio Côrrea entregou o certificado de participação ao presidente do Legislativo, Adão Villaverde, que teve que sair mais cedo em decorrência de compromissos. O presidente da Fesenalba, Antônio Joran, entregou o certificado para o secretário de Governança, Cesar Buzatto.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Apesar da dispensa de 800 funcionários da Azaleia em Parobé, setor calçadista oferece novas vagas


A fabricante de calçados femininos Usaflex abre unidade em São Sebastião do Caí
Com matriz em Igrejinha, a fabricante de calçados femininos Usaflex abre unidade em São Sebastião do Caí, que se dedicará aos serviços de costura da empresa, responsável pela produção de 25 mil pares/dia, distribuídos em 7 mil pontos de vendas.
A fábrica começará com 250 trabalhadores, mas a meta é chegar a 400 ainda neste ano.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Janta se reúne com Juliana Brizola e define novos rumos

A deputada Juliana Brizola e o líder sindical Clàudio Janta, presidente da Força Sindical/RS, estiveram reunidos na tarde desta segunda-feira, na sede da entidade, para discutir a convergência da atuação nas áreas da educação e do trabalho.
A reunião contou com a participação dos presidentes da Juventude Socialista Estadual do PDT, João Cella; da Juventude Socialista de Porto Alegre, Jonatas Ouriques; e do Movimento Sindical do partido, Cláudio Correa. Na ocasião, também debateram os rumos do PDT na Capital e no Estado, que resultou na decisão de convocar uma plenária conjunta para a próxima segunda-feira, 16 de maio, na sede do PDT em Porto Alegre. Os dois defendem eleição direta para os diretórios do partido.

Reunião define criação de câmara temática para o setor calçadista


O representante da Força Sindical-RS, Walter Fabro, afirmou que foi sugerido que a câmara abarque também o setor de vestuário, do couro e têxtil. Instalação deverá ocorrer na próxima reunião do CDES
Na última reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) do governo estadual, semana passada, foi proposta e aprovada a criação de uma câmara temática para o setor calçadista. A instalação deverá ser agendada para a próxima reunião do Conselhão.
O governador Tarso Genro apresentou as justificativas do que já vinha sendo aventado na imprensa como um pacote de medidas do governo estadual, que incluem inspeção e taxação veicular, questão dos precatórios, entre outras medidas que incluem o Pacote apresentando pelo governador. As medidas geraram polêmia ao não encontrarem apoio entre os membros do Conselhão. As centrais sindicais, inclusive, são contrárias aos ajustes projetados pelo Piratini, que devem apresentar em 15 dias novidades.
Fora a polêmica, a Câmara Temática Calçadista será instalada. O vice-presidente da Força Sindical-RS, Walter Fabro, esteve presente na reunião e sugeriu que a câmara trate também do setor de vestuário, coureiro e têxtil. "Temos muitos trabalhadores ligados a estes setores e uma câmara mais ampla dá conta de maiores discussões", afirmou Fabro.
As centrais e os representantes empresariais dos setores já articularam a instalação da câmara com este mote. "Formamos um grupo comigo, que represento a Força Sindical, um representante da CUT e dois empresários do setor e temos número suficiente de membros para que a câmara funcione", informou Fabro.
A câmara vem em momento mais do que propício. Na tarde desta segunda-feira, 09, foi anunciada a demissão de 800 funcionários da Azaleia de Parobé. A empresa explica os motivos das demissões em nota divulgada à imprensa: "Na atual conjuntura econômica brasileira os setores intensivos em mão-de-obra (entre eles a indústria de calçados) têm sido obrigados a realizar ajustes em função de vários fatores adversos que já foram extensivamente diagnosticados, mas que seguem intocados pela política econômica e, incompreensivelmente, com perspectivas cada vez mais claras de consolidação".
Sobre a Câmara Temática do Piso Regional, o representante da Força Sindical-RS disse que as centrais já se reuniram para elaboração de propostas a serem apresentadas na câmara. Depois, as medidas serão colocadas em discussão no Conselhão.