sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Ana Amélia também alerta para a desindustrialização

Em discurso nesta quinta-feira (23), a senadora Ana Amélia (PP-RS) afirmou que a desindustrialização está assombrando o país já há alguns anos. Para ela, medidas urgentes são necessárias, principalmente por parte do governo federal. Ela cobrou da presidente Dilma Rousseff salvaguardas para a indústria brasileira frente à forte concorrência internacional.

A senadora informou que a presidente da República, durante a abertura da 29ª Festa Nacional da Uva, em Caxias do Sul (RS), prometeu e defendeu a necessidade de garantias comerciais para o setor viticultor brasileiro (cultivo de vinhas para a produção de uvas, sucos e vinhos).

- O Rio Grande do Sul é o maior produtor de vinhos e espumantes do Brasil. Hoje, a cada dez espumantes vendidos aqui no Brasil, oito são de fabricação nacional. E notem que a concorrência é muito grande - disse.

Ana Amélia acredita que a indústria brasileira precisa tornar-se mais competitiva para recuperar o espaço perdido no mercado mundial nos últimos anos. Em sua opinião, essa recuperação passa por mais apoio e investimentos públicos, aperfeiçoamento dos sistemas tributário e fiscal e melhorias na infraestrutura.

A senadora acrescentou que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou que o setor industrial brasileiro ficou praticamente estagnado em 2011, com acréscimo de apenas 2,2% em postos de trabalho e crescimento industrial de 0,3%.

Agência Senado

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Pacto contra a desindustrialização, por Clàudio Janta

Confira aqui o artigo, que é destaque de hoje no Jornal do Comércio:

"A formação econômica do Brasil foi desenvolvida a partir de ciclos econômicos exploratórios do período pré-colonial (Pau-Brasil); de plantation no período colonial (grandes plantações de cana-de-açúcar, principalmente), utilizando o uso intensivo de mão-de-obra escrava; de exportação de matérias primas e produtos agrícolas (café, principalmente) do período imperial até a década de 1930, com a eclosão da Crise do Café. O Café, que era o principal produto da economia brasileira até 1930, foi impactado fortemente no final da década de 1920 pela “Grande Depressão”, conhecida também como “Crise de 1929”, que reduziu a demanda internacional pelo café brasileiro, afetando a economia brasileira, especialmente a renda e os empregos.

Foi neste cenário, que se deu o início ao projeto nacional de desenvolvimento brasileiro, com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, iniciando o processo de formação da indústria nacional. Esse processo de industrialização partiu da organização das estruturas do País, a partir de um grande pacto entre o capital e o trabalho, tendo o Estado brasileiro como um agente institucional na mediação e articulação entre trabalhadores e o setor empresarial produtivo, possibilitando assim um suporte ativo estatal na acumulação industrial, como também a organização e consolidação do trabalho por meio da (CLT) em 1943, esta que provou ser um importante instrumento de desenvolvimento econômico.

Atualmente, a hoje moderna indústria nacional, vem perdendo importante espaço na economia brasileira. Segundo o estudo “A primarização da pauta de exportações do Brasil” do IPEA, as commodities (produtos primários como soja, minérios, petróleo) apresentaram um avanço de 41% para 51% da participação do comércio internacional, dentre todos os produtos brasileiros no período 2007-2010, ocasionando assim uma dependência da economia brasileira, em produtos não industrializados de baixo valor agregado.

Há gente que considera ser prematuro falar de uma desindustrialização, mas o fato é que, o avanço da dependência do comércio internacional brasileiro em produtos primários, ocasionará um impacto relevante na indústria nacional, que inevitavelmente levará a economia brasileira à desindustrialização, uma vez que a perda de competitividade de todos os outros setores no comércio internacional brasileiro começa a se acentuar.

Com isso, as soluções de política econômica, para evitar a desindustrialização no médio e longo prazo, partem de ações de redução da taxa de juros para incrementar os investimentos, concomitante com investimentos em ciência e tecnologia, para geração de soluções nacionais de tecnologia e inovação; e qualificação profissional, para que os trabalhadores estejam preparados para as mudanças do novo desenvolvimento brasileiro, dando continuidade ao seu papel de protagonista do desenvolvimento. Além disso, no curto prazo torna-se imprescindível a intervenção no câmbio, mas com a preocupação de não elevar o custo fiscal.

Com a crise econômica mundial acontecendo, os impactos nos produtos primários de agora (commodities) podem ter impactos análogos aos produtos primários da crise econômica de 1929 (café). É chegada a hora do Estado brasileiro, os trabalhadores e empresários do setor produtivo, estabelecerem o mesmo tipo de pacto proposto por Getúlio Vargas, para fazer a indústria brasileira mais forte, mais competitiva, com mais empregos para promover um maior desenvolvimento.

O passado mostrou que, a indústria brasileira nasceu pela união de esforços, e o presente mostra que sua manutenção exige a mesma fórmula, para que nosso País tenha no futuro, a riqueza para promover um desenvolvimento com maior distribuição de renda, mais empregos, menos impostos e justiça social".

*por Clàudio Janta, presidente da Força Sindical-RS