“O Trabalhismo está na memória dos
brasileiros porque está gravado numa longa trajetória de conquistas”. Assim pronunciou-se
a presidenta da República Dilma Rousseff durante a cerimônia de posse do novo Ministro
do Trabalho, Brizola Neto, no Palácio do Planalto, em maio deste ano. A
afirmação da atual presidenta dimensiona a importância da vertente política e
torna ainda mais forte o sentimento de ausência do líder trabalhista Leonel
Brizola, que morreu em 21 de junho de 2004.
A principal dessas conquistas, a mais
visível, é a infra-estrutura industrial, criada ou fortalecida em suas funções,
do que são exemplos empresas públicas como a Petrobras e a Eletrobras, entre
tantas outras. Mas também a legislação social e trabalhista, que resultou na
jornada de oito horas, no salário mínimo, na licença-maternidade e no direito à
organização sindical. Nunca é demais lembrar que tanto a fortaleza das empresas
públicas, quanto a força dos trabalhadores foram fundamentais para enfrentar a
última crise econômica.
O principal legado do trabalhismo, no
entanto, é a visão de “construção da nacionalidade”, de um país grande, que não
aceita ser colônia e exige independência e soberania. Uma percepção estratégica
que dotou o Brasil de uma “coluna vertebral” sólida – industrial, pública,
social e política - capaz de vencer inimigos e obstáculos os mais variados e
difíceis. Uma visão que nasceu com Getúlio Vargas, nos anos trinta, continuou
com João Goulart, com Leonel Brizola, passou por Lula e chega até a atual
presidenta Dilma Rousseff.
Ao nomear o jovem ministro Brizola Neto para
a pasta do Trabalho, a presidenta Dilma enlaçou o fio da história, unindo o
legado trabalhista com o novo Brasil que emergiu das entranhas nacionais na
última década. Um Brasil que, fiel ao ideário do trabalhismo, não se conforma
em apenas fortalecer seu mercado interno e consumidor, mas que deseja continuar
progredindo, desenvolvendo seu parque industrial e gerando empregos. E que
exige avanços sociais e políticos condizentes com essa sua nova condição de
país moderno.
Ao lembrar de meu avô Leonel Brizola, não tem
como não afirmar ainda com mais determinação a defesa de seu principal legado,
que hoje tornou-se a principal ferramenta para o Brasil dar o próximo salto
rumo ao futuro. A educação, em especial a Escola de Turno Integral, que tem
hoje a mesma dimensão estratégica e histórica que a campanha “O petróleo é
nosso” teve para a independência energética do Brasil, nos anos cinquenta. Com
uma diferença: a independência que a educação pode e vai trazer é também, e
definitivamente, dos cérebros, das pessoas, da alma nacional.
* Juliana Brizola, deputada estadual pelo PDT-RS
(Artigo publicado no jornal Zero Hora, dia 21 de junho de 2012)
(Artigo publicado no jornal Zero Hora, dia 21 de junho de 2012)