quinta-feira, 28 de junho de 2012

Trabalhismo, Leonel Brizola e o novo Brasil

“O Trabalhismo está na memória dos brasileiros porque está gravado numa longa trajetória de conquistas”. Assim pronunciou-se a presidenta da República Dilma Rousseff durante a cerimônia de posse do novo Ministro do Trabalho, Brizola Neto, no Palácio do Planalto, em maio deste ano. A afirmação da atual presidenta dimensiona a importância da vertente política e torna ainda mais forte o sentimento de ausência do líder trabalhista Leonel Brizola, que morreu em 21 de junho de 2004.

A principal dessas conquistas, a mais visível, é a infra-estrutura industrial, criada ou fortalecida em suas funções, do que são exemplos empresas públicas como a Petrobras e a Eletrobras, entre tantas outras. Mas também a legislação social e trabalhista, que resultou na jornada de oito horas, no salário mínimo, na licença-maternidade e no direito à organização sindical. Nunca é demais lembrar que tanto a fortaleza das empresas públicas, quanto a força dos trabalhadores foram fundamentais para enfrentar a última crise econômica.

O principal legado do trabalhismo, no entanto, é a visão de “construção da nacionalidade”, de um país grande, que não aceita ser colônia e exige independência e soberania. Uma percepção estratégica que dotou o Brasil de uma “coluna vertebral” sólida – industrial, pública, social e política - capaz de vencer inimigos e obstáculos os mais variados e difíceis. Uma visão que nasceu com Getúlio Vargas, nos anos trinta, continuou com João Goulart, com Leonel Brizola, passou por Lula e chega até a atual presidenta Dilma Rousseff.

Ao nomear o jovem ministro Brizola Neto para a pasta do Trabalho, a presidenta Dilma enlaçou o fio da história, unindo o legado trabalhista com o novo Brasil que emergiu das entranhas nacionais na última década. Um Brasil que, fiel ao ideário do trabalhismo, não se conforma em apenas fortalecer seu mercado interno e consumidor, mas que deseja continuar progredindo, desenvolvendo seu parque industrial e gerando empregos. E que exige avanços sociais e políticos condizentes com essa sua nova condição de país moderno.

Ao lembrar de meu avô Leonel Brizola, não tem como não afirmar ainda com mais determinação a defesa de seu principal legado, que hoje tornou-se a principal ferramenta para o Brasil dar o próximo salto rumo ao futuro. A educação, em especial a Escola de Turno Integral, que tem hoje a mesma dimensão estratégica e histórica que a campanha “O petróleo é nosso” teve para a independência energética do Brasil, nos anos cinquenta. Com uma diferença: a independência que a educação pode e vai trazer é também, e definitivamente, dos cérebros, das pessoas, da alma nacional. 

* Juliana Brizola, deputada estadual pelo PDT-RS

(Artigo publicado no jornal Zero Hora, dia 21 de junho de 2012) 

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