sexta-feira, 13 de maio de 2011

Mário de Lima, um dos idealizadores do Força do Pensamento 2, aborda as linhas gerais do Desenvolvimento Regional

Mário aborda o desenvolvimento regional a partir de um enfoque nos Coredes.

A 2ª edição do Ciclo de Debates Força do Pensamento abordou a temática do Desenvolvimento Regional com o intuito de potencializar e discutir o tema com sindicalistas, lideranças políticas e sociais, trabalhadores e público em geral.
A iniciativa da Força Sindical visa capacitar os trabalhadores sobre os grandes temas da atualidade, indo além de um papel de central meramente reivindicatória de melhores salários, mas também como centro de conhecimento e cultura. Esta edição do Força do Força do Pensamento teve como um dos organizadores o assessor econômico da Força Sindical-RS Mário de Lima, que está finalizando sua dissertação de mestrado em Economia, com forte enfoque político, na PUCRS. Nesta entrevista, Mário esclarece as linhas gerais do Desenvolvimento Regional e a importância do evento para os trabalhadores.
Força Sindical - Sobre o que foi sua palestra, enfocando a parte mais teórica do desenvolvimento regional?
Mário de Lima - A palestra hoje tentou demonstrar as condições necessárias para que ocorra uma política de desenvolvimento regional transversal, ou seja, trabalhando com a idéia da institucionalização de regiões, debate que o prof. Pedro Bandeira foi um dos estimuladores e tem uma teoria em relação a isso; governança, que quem fala muito é o Robert Putman e o Peter Evans. Também trabalhei com responsabilização (accountability), que no Brasil quem tratou foi o Bresser Pereira, na reforma do Estado brasileiro. Enfoque ainda a teoria de clareza da restrição orçamentária, que o Musgrave, economista, trata como uma necessidade da sociedade de saber quanto que ela tem para gastar, para poder realizar uma política fiscal, uma sociologia da política fiscal, que faz as projeções dos próximos gastos para o futuro.

FS - A partir desses pontos teóricos, como pensar o desenvolvimento regional já na atualidade? Como as pessoas podem se apropriar desses instrumentos e quais são os caminhos que o Estado oferece para que as pessoas coloquem em prática?
ML - No Rio Grande do Sul podemos verificar esses quatro pilares a partir dos COREDES, que é o instrumento tanto de governança quanto de institucionalização de regiões. Podemos ver em experiências passadas, no orçamento participativo, como experiência de governança, responsabilização e clareza da restrição orçamentária, bem como a consulta popular, que em nível estadual é mais antiga como instrumento de governança. A base de tudo isso, a força, eu diria, são os COREDES. Os COREDES servem como não só um instrumento de planejamento e criação de políticas públicas e desenvolvimento regional, mas também como uma forma de demarcar a territorialidade, de demarcar a região, não apenas como uma questão geográfica de território, mas também com características humanas, econômicas e sociais.
FS - Qual a importância da Força Sindical promover esse debate para os trabalhadores e através dessas iniciativa disponibilizar as informações na internet para a população saber sobre esse assunto?
ML - Na formatação da economia que o Brasil adota, o trabalho é vendido num mercado. Existe uma relação onde o trabalho é um produto e o preço desse produto é o salário. Nesse modelo da economia o trabalhador é um fator de produção que produz um produto chamado trabalho e vende por um preço que se chama salário. Então temos que mudar essa idéia quando se trata de desenvolvimento, porque o trabalhador também tem que ser visto como consumidor, tem que ser visto como um agente, uma vez que essa governança trabalha com a ideia de participação dos atores sociais e o trabalhador é um ator social. Ao promover essa discussão, a Força Sindical surge na vanguarda desse debate preparando o trabalhador aos fóruns de participação e de governança para defender seus interesses e um salário melhor, um poder de compra melhor, uma redução da jornada de trabalho e uma distribuição equitativa da produtividade que a economia pode gerar.

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