quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Em crise, PDT sofre a ameaça de perder espaço na reforma ministerial


Enfraquecido politicamente por causa de uma rebelião interna no PDT, o ministro do Trabalho e presidente licenciado do partido, Carlos Lupi, é um dos alvos da reforma ministerial que deve ser deflagrada pela presidente Dilma Rousseff na virada do ano. O Palácio do Planalto foi alertado de que há uma forte crise no PDT e que Lupi tem perdido a sustentação política para ficar no cargo. A resposta do Planalto: o PDT precisa se entender rapidamente, ou corre o risco de perder espaço na reforma.

Os adversários internos de Lupi dizem que ele controla com mão de ferro o PDT, já que tem o comando dos diretórios regionais. Um grupo de deputados liderados por Paulinho da Força (PDT-SP) e Brizola Neto (PDT-RJ) já ameaça formar uma dissidência interna para pedir democracia interna na legenda. Isso porque Lupi tem usado o mecanismo de comissões provisórias dos diretórios regionais para manter o controle do partido.

Com esse poder, ele também controla os principais cargos do Ministério do Trabalho, o que tem sido questionado pelos companheiros de partido. Nem mesmo o deputado Paulinho conseguiu ser eleito para o diretório paulista, e se mantém no comando do cargo por determinação do próprio ministro do Trabalho, mas como provisório.

"O PDT não se sente representado no Ministério do Trabalho, apesar de Lupi ter nomeado muitos pedetistas para os principais cargos. Só entra no Ministério quem segue a cartilha do Lupi. E ele controla o partido com mão de ferro", relatou um deputado do PDT, que evita atacar abertamente com medo de retaliação.

O Planalto identifica a existência de "fogo amigo" nas denúncias que começam a desestabilizar Lupi, num movimento semelhante ao que tomou conta do PP e que quase derrubou o ministro das Cidades, Mário Negromonte, há quase dois meses.

Segundo um auxiliar direto da presidente Dilma, o governo será firme se surgir alguma denúncia concreta, mas o partido corre o risco de perder o controle do ministério, como ocorreu com o PR no Ministério dos Transportes.

Avaliação feita no núcleo palaciano é que Lupi tem desempenho sofrível na pasta. Diferentemente do governo Lula, onde havia uma relação próxima entre ministro e presidente, na gestão Dilma o ministro Lupi perdeu influência. A pasta foi esvaziada, e atribuições políticas do setor estão diretamente ligadas ao Planalto. Além disso, há tempos o PT estimula a saída de Lupi porque a CUT perdeu espaço no Ministério do Trabalho.

Recentemente, num congresso do PDT no Rio Grande do Sul, Brizola Neto foi para o enfrentamento direto com Lupi e cobrou um processo democrático para escolha dos diretórios regionais. Ao mesmo tempo, integrantes da Força Sindical estão descontentes porque não conseguiram assumir o braço sindical do PDT.

Aliados de Lupi alegam que ele mantém o sistema de diretórios provisórios para evitar disputas no partido e, consequentemente, a perda do controle. Mas já reconhecem que ele precisa flexibilizar urgentemente o comando do PDT. Caso contrário, a situação política ficará insustentável.

Fonte: Agência O Globo

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