quarta-feira, 2 de maio de 2012

Brizola Neto, blogueiro progressista, ministro de Estado (ou o fim do Lexotan do lado de baixo do Equador)

A escolha do deputado Brizola Neto para ocupar o Ministério do Trabalho não é só um ato político de Dilma Rousseff, mas, sobretudo, um ato de coragem. O deputado federal do PDT é o herdeiro político direto de Leonel Brizola, a quem os militares da ditadura e o falecido empresário Roberto Marinho odiavam no mesmo nível e pelas mesmas razões. Brizola, por décadas, denunciou a ditadura e seus “filhotes”, termo que usava para tripudiar seus adversários da direita, e foi certamente o primeiro combatente dessa guerra contra o poder criminoso de manipulação da mídia, de quem sofreu um massacre diuturno nas duas vezes em que foi governador do Rio de Janeiro – eleito, diga-se de passagem, contra a vontade das Organizações Globo. 

Antes da internet e, portanto, antes das redes sociais e da blogosfera, Brizola mantinha um espaço pago no Jornal do Brasil para rebater as incontáveis calúnias, mentiras e ignomínias que Roberto Marinho mandava noticiar contra ele em O Globo e na TV Globo. Os artigos do velho Brizola chamavam-se, com peculiar propriedade, de “Tijolaços”. 


Desde 2005, Brizola Neto mantém na internet um blog noticioso também chamado de “Tijolaço” (
www.tijolaco.com), onde mantém intacta a tradição de bom combate do avô, inclusive com o mesmo colaborador, o incansável jornalista Fernando Brito. Juntos, Brizola e Brito movimentam a blogosfera com denúncias, notícias e uma crítica permanente a esse comportamento da velha mídia que agora deságua na CPI do Cachoeira. Ao colocar Brizola Neto no Trabalho, a presidenta manda um recado fortíssimo ao baronato da imprensa, apavorado e com os dentes de fora, desde a semana passada a jogar ameaças para todo o lado pela boca de seus cachorrinhos amestrados. 

Brizola Neto que se cuide. A primeira tentativa da Globo foi o de tentar desqualificá-lo dentro do PDT. Isso porque, paradoxalmente, é justamente no partido fundado por Leonel Brizola que está acomodado o deputado Miro Teixeira (RJ), porta-voz da velha mídia dentro do Congresso Nacional, primeiro a levantar a bandeira de que seria inconstitucional convocar jornalistas para depor da CPI do Cachoeira. Na Globonews, anunciou-se que a bancada pedetista iria se voltar contra o governo, caso Brizola Neto fosse escolhido para o cargo. E vem mais chumbo grosso, podem esperar. Os barões da mídia não vão perdoar o novo ministro do Trabalho, de apenas 33 anos, por querer manter íntegra a memória e a mensagem de Leonel Brizola. 


Trata-se da mesma mídia que interpreta como golpe contra o “mensalão” a convocação, pela CPI, do procurador-geral Roberto Gurgel, acusado de manter escondido uma operação da PF que havia pego Demóstenes Torres, desde 2005. 


Toda essa movimentação tem um nome que, inclusive, rima com tijolaço: cagaço. 

* Leandro Fortes, jornalista (texto publicado em sua página do Facebook).

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