quarta-feira, 25 de maio de 2011

Força Sindical, CUT e Fiesp se unem contra desindustrialização do País

"Estamos virando apertadores de parafusos", definiu Paulo Pereira da Silva, Paulinho, presidente da Força Sindical.

“Estamos virando apertadores de parafusos “, definiu Paulo Pereira da Silva, Paulinho, presidente da Força Sindical, ao falar sobre o acordo entre indústria e centrais sindicais de lutar por uma indústria forte, com empregos de qualidade, capaz de liderar o processo de crescimento. 

Paulinho participou ontem ao lado de Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de S. Paulo; Sergio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, e Paulo Skaf, presidente da Fiesp, da entrevista coletiva para anunciar o seminário “Brasil do Diálogo, da Produção e do Emprego”, que contará com a presença de ministros, como Aloizio Mercadante, do Ministério da Ciência e Tecnologia,  e do vice-presidente da República, Michel Temer.

Trabalhadores e empresários estão estudando a  desindustrialização nacional desde janeiro e definiram pontos de convergência que serão apresentados ao governo. A união dos empregadores e centrais visa aumentar a competitividade do País na conjuntura atual, que favorece o aumento da entrada de produtos importados no País devido ao câmbio.

“Não é simplesmente entregar um estudo. Queremos que as medidas sejam aplicadas, algumas no curto prazo”, disse Skaf, citando dois aspectos emergenciais: a desoneração da folha de pagamento  e a aplicação da resolução nº 72, de autoria do senador Romero Jucá ( PMDB-RR), para combater a guerra fiscal .

Para Skaf, a desoneração de 20% do INSS na folha de pagamento do setor industrial, não chega ao total gasto com juros. “Se podemos pagar R$ 240 bilhões por ano em juros, porque não se pode tomar medidas emergenciais que vão preservar a indústria?”, declarou.

A Resolução 72 do Senado estabelece alíquota zero do ICMS na origem transferindo para o destino nas operações interestaduais com produtos importados. “ Estamos debatendo a  fixação de alíquota de 2% a 4% na origem. Com a Resolução 72 resolvemos boa parte da reforma tributária, já que não teria motivos para ter uma guerra fiscal entre os estados”, destacou Skaf.

Situação Grave

“Olhando o Brasil de cima achamos que tudo está bem porque os números de empregos formais estão crescendo. No entanto são empregos precários nos setores de serviços e comércio. Quando analisamos a situação da indústria constatamos que a situação é grave. Algumas indústrias de autopeças viraram importadoras. Outras trazem todas as peças do exterior  e montam os produtos aqui. Não queremos ser apenas  apertadores de parafusos, piorando a qualidade dos empregos. E queremos uma situação diferente, ou seja, empregos com qualidade”, declarou Paulinho.

O presidente da Força Sindical afirmou que a intenção é debater seriamente com o governo , que tem tomado medidas tímidas. Bastaria o governo adotar barreiras técnicas,  sanitárias e fitossanitárias, além de medidas antidumping  e pararia de entrar um monte de bugigangas”, observou.

Já Miguel Torres defende uma política mais ampla do que a que está em execução atualmente, especialmente em relação a qualificação profissional e a produção de bens com alta tecnologia. “A Honda demitiu centenas de operários por falta de peças importadas do Japão. Somos reféns desta política”, ressaltou.

Sergio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, considera ideal reeditar as câmaras setoriais para resolver os problemas da indústria. “Temos que desenvolver alta tecnologia, ter empregos com mais qualidade e discutir uma relação de trabalho moderna, com representação no local de trabalho”, ressaltou

Ataque de importados

Skaf  destacou que a indústria brasileira sofre ataque dos produtos importados e não é por falta de competitividade. “Defendemos instrumentos alternativos de política monetária , redução da taxa de juros. Para cada ponto percentual de aumento na taxa Selic, o Brasil paga, por ano, R$ 20 bilhões a mais de juros”.  O documento a ser entregue ao governo mantém as críticas contra a atual política monetária e o câmbio valorizado que contribui para a avalanche de importados no mercado nacional.

Entre as medidas defendidas por empresários e centrais estão a representação no local de trabalho, acabar com a rotatividade de mão de obra; ampliar prazos para recolhimento de impostos; isenção do IR no pagamento da PLR (Participação nos Lucros ou Resultados) e transparência na cobrança de impostos.

“Queremos que o Fórum seja permanente”, enfatizou Skaf. A participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) caiu de 27,2% nos anos 1980 para 15,8% no ano passado.  Os empregos caíram de 25,4% para 18,1%.

Nenhum comentário:

Postar um comentário