segunda-feira, 23 de maio de 2011

Maioria dos jovens apenas trabalha e não estuda, diz Dieese

De acordo com a técnica do Dieese, os jovens enfrentam jornadas de trabalho longas, remuneração baixa e trabalho repetitivo e encontram mais trabalho nas áreas de serviços e comércio.
A  maioria dos jovens – de 16 a 24 anos -  apenas trabalha e não estuda  em todas regiões metropolitanas do País, segundo Suzana Sochaczewski, técnica do Dieese, durante o debate do tema “Jovens Trabalhadores: qualificação, emprego e participação sindical” discutido hoje (dia 20) no Ciclo de Debates organizado pela Força Sindical para comemorar os seus 20 anos de existência.

De acordo com a técnica do Dieese, os jovens enfrentam jornadas de trabalho longas, remuneração baixa e trabalho repetitivo e encontram mais trabalho nas áreas de serviços e comércio. Um fato a ser destacado é que aqueles que tiveram o 1º emprego enfrentam mais dificuldade em conseguir outro trabalho.

“Têm problemas para aprender, não têm tempo de estudar e muitas vezes sem possibilidades de escolha. O que falta aos jovens hoje é o sonho. É fundamental que ele possa sonhar que a vida pode ser diferente do que ele vive. Alguém disse que os jovens pensam  “pequeno”, mas o ser humano precisa conhecer para sonhar. Quem não tem elementos não consegue inventar o futuro”, observou Suzana.

O debate contou com a presença de jovens do projeto social Eremim, do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e de sindicalistas representando várias categorias. O mediador foi Antonio Dantas, conselheiro da Força Sindical no Conanda.

A professora Marcia Guerra, educadora social da PUC, ressaltou que era  preciso saber de que jovens os palestrantes estavam falando. “ Os dados estatísticos são de arrepiar”, disse referindo-se aos números apresentados pelo Dieese. “ Precisamos discutir o que fazer com a nossa juventude que vive em condições sub-humanas”.

Marcia Guerra defendeu a educação política para que a juventude possa se localizar no mundo e no espaço do trabalho. “É preciso um marco legal, social e político. Devemos ser propagadores do sonho que deve ser sonhado. Os educadores têm que propiciar outro debate que contribua para a dignidade humana”, declarou.

Já Emerson Gomes, secretário da Força Sindical BA e do Conselho Nacional da Juventude, explicou o papel do conselho e a luta  para que os jovens possam entrar no mundo do trabalho com dignidade, ou seja, com boa qualidade de vida e melhores oportunidades de trabalho.

Para Gomes, é necessário levar a pauta trabalhista da juventude para o Congresso Nacional e estimular a negociação destes itens para que sejam incluídas nas convenções coletivas das categorias.

Jefferson Tiego da Silva, Secretário nacional da Juventude da Força Sindical, disse que visitou as comunidades em Porto Alegre para conversar com os jovens sobre seus desejos e necessidades. “Os trabalhadores jovens se preocupam com seus pais e avós. Muitos precisam largar os estudos para ajudar os pais e vários têm filhos e trabalham mais de 50 horas por semana. Quando este jovem terá tempo de estudar?”, perguntou.

No entanto, “vivemos o desafio de qualificar este jovem para que ele possa ter melhor emprego. Além disso, para pensar a juventude é preciso ampliar o debate e levar em conta os aposentados que continuam trabalhando por causa do fator previdenciário na vaga que seria ocupada pelos jovens. Também é preciso mudar a maneira de chamar os jovens para os sindicatos e aprender a linguagem deles”, observou.

Educação

“Quando se fala em juventude, um dos debates que precisa ser feito é sobre a educação, que continua injusta, diferente para os ricos e pobres. Quando vemos que 50% dos jovens entre 16 e 24 anos só trabalham. Esse número é de assustar”, ressaltou Augusto Chagas, presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes).

Segundo Chagas, os estudantes das escolas superiores privadas dormem apenas quatro horas por noite, porque trabalham e estudantes e enfrentam duas horas no transporte coletivo de manhã para irem ao trabalho.
Mesmo com todas dificuldades, Chagas entende que a educação melhorou nos últimos anos, mas é preciso avançar mais.

Monica Veloso, presidente da CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos), explicou como foi criada a secretaria nacional da Juventude pela Força Sindical, em 1994. “Nossa ação mais forte era erradicar o trabalho infantil, com várias ações. O passo seguinte foi trabalhar com a juventude, foram construídas redes sindicais e defendidas bandeiras, como a valorização do 1º emprego, sindicalização e contra o serviço militar obrigatório.

“Participamos de encontros da paz, criamos o Cope (orientação do 1º emprego) e instalamos o Centro de Solidariedade ao Trabalhador. Importante destacar que 70% dos desempregados que procuravam o Centro eram jovens. A Força Sindical deu largos passos para incluir os jovens. A juventude tem que ser presente em todos os aspectos”, enfatizou.

Monica observou que os sindicalistas que atuaram na Secretaria da Juventude hoje ocupam postos de comando, por exemplo, no seu caso, presidente da CNTM.

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