sexta-feira, 20 de maio de 2011

Ato público de repúdio às demissões da Azaleia mobiliza centrais, sindicatos e trabalhadores na frente da empresa

Força Sindical-RS foi a Parobé apoiar trabalhadores
Ato público de repúdio às 840 demissões dos funcionários da Vulcabrás/Azaleia, da semana passada, ocorreu nesta quinta-feira em Parobe, reunindo trabalhadores e sindicalistas na frente da empresa. Sindicatos de sapateiros da cidade e região, além de centrais sindicais, se mobilizaram juntos. A Força Sindical-RS se fez presente e participou do protesto, que exige uma posição da empresa em relação aos trabalhadores demitidos e também sobre os que permanecem empregados. Também foram pedidas providências sobre a guerra fiscal que vem tirando empregos dos gaúchos com a transferência da empresas para o Nordeste do país, para a Argentina e para a Índia. O setor calçadista, atualmente, emprega mais de 143 mil trabalhadores no Rio Grande do Sul.
Os manifestantes empunharam diversas faixas de protesto e ficaram por mais de duas horas na frente da Azaleia. O Município de Parobé perde, com as demissões, impostos e o Rio Grande do Sul ficou empenhado depois de ter concedido benefícios fiscais para a instalação da empresa. Foi divulgado que o RS concedeu incentivos em torno de R$ 53 milhões à Azaleia.
O diretor da Força Sindical-RS Marcelo Furtado afirmou que é inadmissível que uma empresa do porte da Azaleia seja protagonista de um episódio como o que aconteceu. "Empresas como Azaleia, Grendene estão com práticas predatórias, vem para o Estado, sugam o trabalhadores e os recursos estaduais e depois fecham as portas para se instalarem em outros lugares", afirmou. A operação da Azaleia que era feita em Parobé e teve as atividades encerradas se transferiu para a Índia. Furtado informou que até 2005 a empresa contava com recursos do Fundopem.
"Os governos não podem ficar inertes, por isso essa mobilização é importante para que isso não se repita no RS", afirmou, chamando a todos para se mobilizarem em um proteto também na frente do Palácio Piratini, em Porto Alegre. Outro diretor da Força Sindical-RS que levou a solidariedade do presidente Clàudio Janta aos trabahadores foi Cláudio Côrrea. Ele condenou o comportamento empresarias e a forma em que colocou na rua os funcionários, sem aviso prévio ou preparação para o Município, que tinha 60% de seus impostos vinculados à Azaleia.
"Hoje vemos uma empresa que há 53 anos nasceu aqui pequena e o povo de Parobé a fez grande, mas o proprietário da Azaleia se apequenou diante de todos os incentivos do governo, prefeitura e do povo. A empresa deve indenizer pelo prejuízo causado a todos", proclamou Côrrea.
O sindicalista defendeu ainda que a população de Parobé é qualificada e que a empresa age desta forma em busca de mão de obra desqualificada e mais barata. "Valorizem o seu trabalho, o ofício dos trabalhadores de Parobé não é o mesmo de argentinos, chineses ou pessoas que não estão preparadas", disse. E completou: "O Estado tem que se preparar para que as empresas não se aproveitem da bondade do povo".
O presidente do Sindicato dos Sapateiros de Parobé, João Pires, filiado à central, explicou que os trabalhadores demitidos não foram recolocados nas mesmas condições das que se encontravam antes.
"Embora estejam divulgando que os trabalhadores estão sendo recolocados no mercado, não temos essa certeza, porque eles trabalhavam há vários anos na Azaleia, que oferecia condições diferenciadas de trabalho e as ofertas de emprego que têm no momento não são iguais a que eles tinham", afirmou.
Segundo Pires, os funcionários demitidos, que concluiram hoje suas recisões, são trabalhadores altamente qualificados e os sindicalistas esperam que as empresas realmente ofereçam condições e salários compatíveis.
Seguem trabalhando na empresa 1.700 pessoas.
Conforme Pires, as empresas não querem se instalar no Estado porque o RS não faz parte da guerra fiscal e, então, preferem gerar os empregos no Norte e Nordeste do Brasil. "O governo tem que acordar para isso, não só o estadual, mas os municípios, que vão ter que se diversificar, porque as cidades são dependentes só da mão de obra calçadista", apontou.
"Para Parobé é uma tragédia, porque de um trabalhador depende duas, três outras pessoas, o que no total atinge 4 mil pessoas", disse Pires.
Participram do ato vereadores do município como Claudecir Barbosa e Jorge Silva, além de sindicalistas do setor calçadista de Novo Hamburgo, Campo Bom, Santa Clara e Igrejinha, todos integrantes do Vale do Paranhama. Junto às centrais, as lideranças vão entrar com pedido de audiência com o vice-governador Beto Grill. Além disso, Pires quer que a próxima reunião da Câmara Calçadista ocorra em Parobé para que os participantes confiram ao vivo a situação da cidade com a perde de empregos diretos e indiretos.

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